2005-04-25

Sentes-te livre?

Aproveitámos este 25 de Abril de 2005 para vos mostrar que afinal não somos assim tão livres. No entanto, este artigo foi enviado para avaliação pelos – agora remodelados e reinventados – serviços de censura. Actualmente, censuram toda e qualquer coisa que nos faça pensar ou concluir que a liberdade é uma coisa volátil, talvez até inexistente! Abaixo fica o dito artigo, com o respectivo carimbo do "censor pela liberdade".


SENTES-TE LIVRE?

"Sentes-te livre? Eu não, e digo-te porquê. Estamos numa altura em que nos impôem, através de factores económico-sociais, como devemos trabalhar, aprender, agir, falar, até pensar. Quem não tem um telemóvel de topo não é válido como pessoa, quem não ganha X de ordenado também, quem não veste isto, quem não compra aquilo, quem não faz, quem não acontece, todos estes e muitos outros não serão válidos como pessoa. Obrigam-nos a ter sucesso, ou pelo menos a procurá-lo. Através do que é socialmente aceite obrigam-nos a entrar no rebanho comportamental, e se tentarmos sair, outro remédio não temos senão entrar no rebanho anti-comportamental. Impingem-nos costumes, gostos, fazem-nos entrar num padrão, e depois acabamos por premiar as aberrações, visto serem estas que atraem públicos, que dão audiências na TV. Caso flagrante foi o Sr. José Castelo Branco: Um homem que 90% da população portuguesa, se tivesse um filho assim, preferia matá-lo a passar essa vergonha, e no entanto gostam de o ver, porque é diferente, e porque além de ser diferente é escandaloso. O homem esforça-se por ser assim, e motivam-no a tal, com a notoriedade concedida por tais audiências, e nesse esforço chega a ridículos níveis de mau-gosto, piores até que os já de si medíocres níveis apresentados pelos nossos posts na Quinta. De minha vontade censurava-o, mas não posso. Censuram-me a mim a vontade de o fazer, apelando à liberdade de expressão. Assim como me olham de lado se disser que não vou à “manifestação” das comemorações do 25 de Abril. Que tal olharem de lado para quem leva os filhos para centros comerciais num domingo de sol, em vez de os levar a um parque, a um jardim, em vez de o fazerem a mim? No dia de hoje, sinto-me preso a um curso que não sei se me vai satisfazer em termos profissionais, depois dele devo ir trabalhar para algo que não é bem o que eu queria, mas é preciso porque vou precisar disso para alimentar, criar, educar os meus filhos de acordo com os padrões. Sou livre de o fazer de maneira diferente, mas provavelmente iriam ser censurados pelos colegas da escola, provavelmente eu iria ser censurado pelos meus pais se não tirasse o curso, provavelmente censurado por outra pessoa qualquer se não tivesse o nível de ostentação socialmente aceite, se não ganhasse tanto, se não fizesse isto ou aquilo. Pior que isto tudo é, 31 anos depois da célebre data, aperceber-me da relatividade da minha liberdade. Ainda te sentes livre? Eu já não, e creio que só o fui enquanto criança, enquanto elemento irresponsável sem direito ou vontade de ter opinião. Sabem que mais? 25 de Abril, MY ASS!!!"

Cortado na íntegra, já viram? Mais um feito para os registos da Quinta!


Comments:
Do melhor que já aqui foi dito!
 
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